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Escrita Criativa – Concurso Contos do Dia Mundial da Língua Portuguesa

No âmbito da escrita criativa, e após estudo da estrutura de um conto, os alunos de 5ème e da 3ème da SI portuguesa de Honoré de Balzac decidiram ser escritores por algumas horas e criarem um conto. Alguns deles participaram no concurso Contos do Dia Mundial da Língua Portuguesa – 2ª Ed.,  na categoria juvenil, concurso patrocinado pela Porto Editora em parceria com o programa Plano Nacional de Leitura - LER +.

Eis o resultado de algumas horas de trabalho.

Boa leitura!

Prémio de Honra - Contos do Dia Mundial da Língua Portuguesa - 2a edição.

 

Era uma vez uma menina chamada Luísa. Ela vivia com os seus pais e a sua irmã numa casa, no meio de uma grande cidade. A Luísa era muito brincalhona e pensadora. Ela adorava ler livros fantásticos e tinha por hábito de imaginar coisas.

Um dia, ela foi a um parque de diversões com a sua família para festejar o aniversário da irmã. Luísa viu a atração do comboio fantasma, ficou tão excitada que, de imediato, pediu aos seus pais para andar nele. Eles aceitaram. Os pais teriam gostado de ir com a filha, mas não puderam porque a atração era só para crianças. Luísa sentou-se no comboio e ele começou imediatamente a avançar. O comboio fantasma ia cada vez mais depressa e, rapidamente, Luísa deixou de ver os seus pais. O comboio entrou numa gruta escura onde havia esqueletos, fantasmas, pessoas estranhas com pele pálida e olhar vazio. Luísa não teve medo. Bem pelo contrário, ela começou a achar o tempo muito longo alí na gruta e adormeceu, sentada no comboio.

Quando abriu os olhos, Luísa desceu da atração e começou a procurar os pais por entre a multidão de pessoas que andavam à beira do comboio, mas não os encontrou. Naquele momento, reparou que as pessoas eram um pouco estranhas : pareciam aquelas pessoas da atração do comboio fantasma, com pele pálida e cara maléfica. Luísa entrou em pânico porque não sabia como fazer para voltar para a sua casa, com os pais e a irmã. As pessoas à volta dela fixavam-na atentamente, como se ela fosse um extraterrestre. Então ela começou a correr e só parou quando não pode ver mais o parque de diversões. Luísa sentou-se numa pedra, acalmou-se e pensou numa maneira de voltar para a sua casa na cidade. De repente, ela ouviu um grande barulho e virou-se para ver a causa do ruído. Era um homem que tinha aparecido como por magia. Era de estatura média, com cabelos castanhos e olhos azuis. Ele estava vestido de calças roxas e com um casaco verde muito feio. O homem não parecia mau mas Luísa desconfiava mesmo assim, depois do que tinha visto no parque de diversões, não podia confiar em ninguém... Ele sorriu, apresentou-se e perguntou se podia ajudá-la. Luísa não disse nada. O homem repetiu e Luísa finalmente disse :

  • Quero voltar para a minha casa.
  • E onde é a tua casa, minha menina ?
  • Moro na grande cidade. Fugi do parque de diversões e depois...
  • Ouve, filha, estamos num mundo paralelo e só podes voltar para a tua casa se tiveres a chave do cadeado que o fecha.
  • Onde é que posso encontrar essa chave ?
  • Eu tenho-a, mas ela é muito preciosa, por isso se a quiseres, deverás dar-me em troca um escaravelho de ouro durante a próxima lua cheia.

            Luísa não disse nada e o homem foi-se embora. Luísa gritou : « Onde é que o posso encontrar ? », - mas ele já tinha desaparecido.

Ela levantou-se da pedra onde estava sentada e refletiu : a próxima lua cheia era amanhã à noite, não tinha muito tempo para encontrar o escaravelho de ouro, então pôs-se ao trabalho. Procurou durante horas e horas, mas não encontrou nada. Luísa estava com fome, cansada, sobretudo muito desanimada. Ela fez um monte com o musgo das árvores que cresciam à volta dela e adormeceu sobre ele. Na manhã seguinte, a Luísa acordou, bem disposta, a procurar de novo o escaravelho de ouro que o homem misterioso tinha pedido. Uma vez mais, os seus esforços foram em vão e a noite de lua cheia caiu. Luísa começou a chorar e de repente, um brilho na relva chamou  a atenção do seu olhar. Ela observava agora muito atentamente a erva e viu um escaravelho de ouro. Um grande sorriso apareceu no rosto da Luísa e ela estava agora ansiosa pela chegada do homem.

A igreja mais próxima tocava a meia-noite quando ele chegou.

- Então, encontraste o escaravelho ? - perguntou o homem. Luísa mostrou com orgulho o escaravelho de ouro e ele ficou boquiaberto. Luísa pediu a chave ao homem que, a contragosto, a procurou no seu casaco verde. Finalmente, ela tinha a famosa chave! Depois foi com o homem ao encontro da porta cadeada do mundo onde ela estava. Era uma porta muito estranha, dissimulada na rocha de uma montanha. O homem disse :

- Entrarás no túnel, atraversá-lo-ás e chegarás a uma porta que abrirás com a chave. Adeus e boa sorte ! - Luísa fez os seus agradecimentos ao seu acompanhador e foi-se do mundo paralelo.

Ela estava agora num longo túnel escuro. Andou então durante o que lhe pareceu séculos. As paredes do túnel eram rugosas e os passos da Luísa ressoavam. Às vezes ela ouvia o barulhinho das gotas de água a cair e de repente, tudo ficava mudo de novo. Depois, Luísa chegou à frente de uma outra porta. Ela colocou a chave na fechadura, virou-a e a porta abriu-se. Em frente dela estava um grande comboio que parecia mesmo um comboio fantasma, mas ela não teve medo. Subiu a bordo e ele começou a rolar. O comboio ia muito rápido, o caminho era longo, tão longo que a Luísa adormeceu.

Pouco tempo depois, ela ouviu uma voz familiar a dizer : « Luísa ! Luísa ! Acorda ! Deves descer da atração ! Luísa ! ». Luísa abriu os olhos, os seus pais estavam em frente dela com a irmã. Então desceu do comboio fantasma e foi com eles para a sua casa, na grande cidade. Na cabeça dela, Luísa pensava : « Foi um sonho ? Ou não foi ? » e era uma boa pergunta, pois tinha a chave no bolso do seu casaco!

 

Élise Dos Santos Astruc, 5ème 5

Chegaram as férias de Natal. Uma família com dois filhos chamados Pedro e Miguel foram passar o Natal numa casa muito grande com um jardim e quatro quartos que se situava na montanha. A sala de estar dava diretamente acesso ao jardim, que estava coberto de neve. Também havia muitas decorações de Natal : pinheiros, bonecos de neve, serie de luzes e outras decorações.

Todos os dias, a família ía visitar a cidade e comprar comida para o Natal.

No dia de Natal, a famíllia comeu, bebeu, festejou, mas as prendas não chegavam.

Será que o Pai Natal se tinha esquecido das prendas ?

Os meninos ficaram tristes e foram para o quarto deles. Olhavam sempre para a janela para ver se o Pai chegava, mas as horas passavam e eles não o viam.

Depois de duas horas de espera, a mãe deles foi chamá-los para irem dormir. Os meninos não conseguiam dormir dececionados pelo Pai Natal não ter passado. Sentaram-se, então, no chão. Pedro sentou-se contra o muro. De repente o muro abriu-se e Pedro caiu para o outro lado. Miguel ficou assustado então, ele disse ao Pedro « Estás bem ? »

Pedro não respondia, então Miguel pegou numa lanterna, comida e bebida. Depois Miguel desceu e encontrou o Pedro no chão e disse «  Pedro acorda, por favor ! ». Finalmente o Pedro acordou e os dois, excitados, foram explorar a passagem secreta. Viram um corredor sombrio com teias de aranhas onde tinha duas portas de cada lado. Tentaram abrir, mas as portas estavam fechadas à chave. Para conseguir abrir eles procuraram em todos os lados uma chave de acesso. Finalmente encontraram-na num pequeno buraco coberto de folhas mortas. Depois foram abrir uma das portas onde estava muitas prendas embrulhadas. Antes de abrir as prendas, eles foram ver o que estava na outra porta, mas não tinha nada. De repente ouviram um barulho que vinha da outra sala. Então eles dirigiram-se para a sala e ouviram uma voz dizer : « Boa noite meus meninos posso ajudar-vos ? »

Quando eles viraram a cabeça, era o Pai Natal, ficaram espantados, não acreditavam no que tinham visto. Porquê que o Pai Natal estava escondido na casa deles, dentro duma passagem secreta ! Os meninos não tinham resposta a isto.

Em primeiro lugar, eles perguntaram porque é que ele estava escondido. O Pai Natal respondeu que, quando tentou passar pela lareira, ele chegou aqui, a esta passagem secreta e tentou sair, mas estava bloqueado. Os meninos perceberam das prendas não chegarem. O Pai Natal pediu desculpa. « Não faz mal » responderam os meninos. O Pai Natal pediu aos meninos para não dizerem nada aos pais deles.

Eles responderam «  Podes ficar descansado, não vamos contar nada aos nossos pais, de toda a maneira eles não iam acreditar ». « Obrigado » respondeu o Pai Natal.

Em segundo lugar, o Pai Natal distribui as prendas aos meninos, eles ficaram todos contentes e disseram adeus ao Pai Natal. De volta para o quarto, os meninos dormiram e o Pai Natal voltou para seu treno.

No dia seguinte, os meninos tinham todas as prendas, os pais pensaram que durante a noite, o Pai tinha deixado as prendas mas não. Era o segredo entre os meninos e o Pai Natal. Ninguém sabia porque é que tinha uma passagem secreta.

Cinco dias mais tarde, a família foi embora e voltou para a sua cidade. Estas férias foram as melhores férias para os meninos e nunca ninguém descobriu a passagem secreta desta casa.

Quando os meninos voltaram para a escola, eles não contaram nada aos outros meninos e meninas, mesmo se era muito difícil não contar o que tinham vivido. Eles tinham prometido ao Pai Natal guardar o segredo.

 

Bia Barbosa Salgado 5e5

Era uma vez ... a minha história. Chamo-me Juca e, todos os dias, luto contra diferentes monstros. Grandes, pequenos, peludos, emplumados, deformados,... E hoje vou-vos contar o meu dia.

O meu dia começou normalmente. Tomei o meu caminho para ir até à arena. Como nunca nenhum monstro apareceu, embora eu tenha visto alguns em pequeno grupo, cheguei finalmente à arena.

Entrei e o guarda salvou-me, alguns olhares de monstros caíram sobre mim, mas eu ignorei-os. Fui em direção aos meus amigos. A primeira chama-se Léa, é uma rapariga mais alta do que eu, muito bronzeada, com um cabelo castanho e longo, olhos castanhos e óculos. A segunda chama-se Clara, também é mais alta do que que eu, tem o cabelo castanho curto, olhos castanhos e tem pele branca. E a terceira chama-se Pina, é mais pequena do que eu, é mestiça, tem o cabelo preto com reflexos loiros para trás e olhos castanhos.

Fui ter com elas e começamos a falar do monstro que íamos enfrentar hoje. Durante esse tempo, revimos as nossas técnicas de combate e as nossas armas para estar perfeitamente preparadas. Mas infelizmentes a hora de enfentrar o monstro tinha chegado e nós saímos em direção ao local da luta.

Tínhamos acabado de chegar e estávamos terminando de nos preparar Então entramos no campo de batalha onde íamos enfrentar o monstro.

O monstro era enorme e devia medir cerca de sete metros. Ele tinha uma cabeça redonda com o pelo vermelho e preto, chifres amarelos que apontavam para o céu e olhos vermelhos penetrantes. Ele usava uma armadura que cobria as suas partes sensíveis, mas as partes do corpo visiveis monstravam que ele era muito musculoso. Mas eu não podia observá-lo mais porque ele nos atacou. 

Nós evitámos por pouco a carga do monstro e a batalha começou. O monstro era muito rápido e forte, foi muito difícil evitá-lo. Era praticamente impossível adivinhar onde e quando ele iria atacar. Este monstro era muito mais forte do que esperávamos. Eu ainda tentei atacá-lo, mas ele se esquivou e me machucou. Mais o monstro me machucava, mais eu tinha o sentimento que a sua força aumentava. As minha amigas estavam igualmente feridas, e até mais do que eu. Tentei encontrar o ponto fraco do monstro, mas ele me carregou incansavelmente, o que tornou difícil ou impossível para mim de ganhar contra ele. Não renunciei e continuei a atacá-lo. A tarefa tornava-se cada vez mais difícil por causa dos meus ferimentos. Em desespero, pensei nos lugares do seu corpo que eu não tinha ainda atacado. De repente, a solução veio até mim como uma iluminação ! Ela era tão óbvia ! Como todos os monstros e humanos ele tinha um coração. Eu estava tão focada em subre-estimá-lo e a quebrar a minha cabeça para descobrir que ele tinha um ponto fraco intócavel que essa solução nem passou por mim!

Então esperei que o monstro me atacasse mais uma vez. Quando ele me atacou de novo, pulei para o seu braço esquerdo para poder alcançar o seu coração.

Ele usava aí uma peça de armadura, mas coloquei toda minha força naquele único golpe decisivo. Milagrosamente, quebrei-o e perfurei o seu coração.

Olhei à volta de mim para ver onde estavam Clara, Lea e Pina. Vi que Clara e Lea já tinham encontrado o ponto fraco do monstro e estavam a matá-lo; Pina, ela acabara de o encontrar. Esperei pelos meus amigos e cinco minutos depois de elas se terem juntado a mim, ouvimos o gongo tocar o fim das lutas.

Então saímos da arena as três e entramos no campo para a nossa próxima luta. Os monstros seguintes eram muito mais simples e a luta correu sem problemas.

No final do dia retomei o caminho de volta para a minha casa, que decorreu sem problemas. Quando cheguei a casa, coloquei as minhas coisas no chão e comecei a estudar o monstro que enfrentaria no dia seguinte e a preparar as minhas armas  para a próxima batalha. Quando terminei, tomei um banho e fui para a cama. Adormeço sempre com a mesma sensação, a de que um monstro está-me observando no escuro e pronto para me atacar a qualquer momento.

Claro que a minha vida não é assim, eu não sou uma super-heroína ou uma guerreira fora do comum, sou apenas uma simples rapariguita que vai ao colégio todos os dias. Nada de incrível. Eu só decidi ver a vida por um outro ângulo. Decidi ver a vida como um combate nunca terminado, que se termina só quando morremos. Na verdade, acabei de fazer um teste de matemática hoje. Refugio-me na minha imaginação até encontrar um sentido e um propósito à minha vida. Quando o encontrar, então deixarei a minha imaginação e irei realizar-me.

Ilena Blanc

Certo dia, um homem chamado Pedro herdou uma herança de um dos seus tios. Ele chamava-se Augusto e vivia na Alemanha. Esse tio era muito rico e sobretudo era muito egoísta, só pensava em si mesmo. Faleceu poucos dias depois após um acidente de viação.

Pedro era alto, magro, com cabelos pretos, olhos castanhos, lábios carnudos, com rosto pálido, apresentando um certo mistério e uma certa maldade no seu sorriso comprometedor.

Alguns dias depois, Pedro foi contactado pelo Senhor Alfredo, gerente de um banco, onde o seu tio tinha a sua riqueza, anunciando que ele tinha herdado uma enorme fortuna. Era tanto o dinheiro que ele nunca precisaria de trabalhar. Pedro ficou surpreendido com esta notícia inesperada, porque nunca tinha conhecido esse tal tio, nem nunca seus pais falaram dele.

- Oh Sr. Pedro, tem que vir à Alemanha, para assinar uns papéis e tratar da transferência bancária - disse o Sr. Alfredo.

O Pedro não sabia o que dizer, pois ainda estava tão confuso com toda a informação que recebera.

- Então durma e não se preocupe com nada, amanhã é outro dia, e tudo se resolve - respondeu o Sr. Alfredo.

Pedro não dormiu toda a noite a pensar no dia seguinte. Bem cedo, foi comprar um

bilhete de comboio para ir à Alemanha. Ao chegar, estava cansado da viagem, pois foram seis horas de trajeto, mas dirigiu-se em seguida ao banco, para não perder tempo.

Aquele banco era só de milionários, era um banco que dava mimos aos clientes, para conquistar ainda mais clientes super ricos. Serviam café, sumo de laranja, até bolo de chocolate tinha.

Como não tinha dormido a noite inteira, por um segundo, pensava que estava a

sonhar, mas nada era falso, era bem verdade. Tratou de tudo, assinou e regressou a Portugal.  

Estava rico e sem saber o que fazer !

Depois de ter passado alguns dias fechado em casa, a pensar no que iria fazer, resolveu mudar de casa, comprou um carro, uma mota e muitas outras coisas. Com isto tudo, só pensou nele e não disse a mais ninguém ; nem aos seus pais. Ficou invejoso e tornou-se egoísta como o seu tio, nem queria saber dos seus amigos.

Os seus amigos ficaram indignados com a sua atitude, embora já conhecessem algumas características dele, a malvadeza. Mas desde sempre foi muito educado e tinha princípios.

Ao fim de vários meses, começou a sentir a solidão, a tristeza e a ficar desanimado. Pensava que a felicidade do dinheiro iria ser uma boa coisa e que poderia fazer muitas amizades, mas no fundo veio perturbar a sua vida e os seus hábitos. Percebeu que o dinheiro não traz felicidade nem amizade. Aquele que já não é capaz de apreciar a verdadeira felicidade humana é aquele que o dinheiro compra tudo.

 

Ivo Barbosa Salgado – 3E6